TEMAS DOUTRINÁRIOS


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PRINCÍPIO ESPIRITUAL. UNIÃO DO PRINCÍPIO ESPIRITUAL À MATÉRIA

PRINCÍPIO ESPIRITUAL

1. A existência do princípio espiritual é um fato que, por
assim dizer, não precisa de demonstração, do mesmo modo
que o da existência do princípio material. É, de certa
forma, uma verdade axiomática. Ele se afirma pelos seus
efeitos, como a matéria pelos que lhe são próprios.
De acordo com este princípio: “Todo efeito tendo uma
causa, todo efeito inteligente há de ter uma causa inteligente”,
ninguém há que não faça distinção entre o movimento
mecânico de um sino que o vento agite e o movimento
desse mesmo sino para dar um sinal, um aviso, atestando,
só por isso, que obedece a um pensamento, a uma intenção.

Ora, não podendo acudir a ninguém a idéia de atribuir
pensamento à matéria do sino, tem-se de concluir que o
move uma inteligência à qual ele serve de instrumento para
que ela se manifeste.

Pela mesma razão, ninguém terá a idéia de atribuir
pensamento ao corpo de um homem morto. Se, pois, vivo,
o homem pensa, é que há nele alguma coisa que não há
quando está morto. A diferença que existe entre ele e o sino
é que a inteligência, que faz com que este se mova, está fora
dele, ao passo que está no homem a que faz que este obre.

2. O princípio espiritual é corolário da existência de Deus;
sem esse princípio, Deus não teria razão de ser, visto que
não se poderia conceber a soberana inteligência a reinar,
pela eternidade em fora, unicamente sobre a matéria bruta,
como não se poderia conceber que um monarca terreno,
durante toda a sua vida, reinasse exclusivamente sobre
pedras. Não se podendo admitir Deus sem os atributos
essenciais da Divindade: a justiça e a bondade, inúteis
seriam essas qualidades, se ele as houvesse de exercitar
somente sobre a matéria.

3. Por outro lado, não se poderia conceber um Deus soberanamente justo e bom, a criar seres inteligentes e sensíveis, para lançá-los ao nada, após alguns dias de sofrimento sem compensações, a recrear-se na contemplação dessa sucessão indefinita de seres que nascem, sem que o hajam pedido, pensam por um instante, apenas para conhecerem a dor, e se extinguem para sempre, ao cabo de efêmera existência.

Sem a sobrevivência do ser pensante, os sofrimentos da
vida seriam, da parte de Deus, uma crueldade sem objetivo.

Eis por que o materialismo e o ateísmo são corolários um
do outro; negando o efeito, não podem eles admitir a
causa. O materialismo é, pois, conseqüente consigo
mesmo, embora não o seja com a razão.

4. É inata no homem a idéia da perpetuidade do ser espiritual;
essa idéia se acha nele em estado de intuição e de
aspiração. O homem compreende que somente aí está a
compensação às misérias da vida. Essa a razão por que
sempre houve e haverá cada vez mais espiritualistas do
que materialistas e mais devotos do que ateus.

À idéia intuitiva e à força do raciocínio o Espiritismo
junta a sanção dos fatos, a prova material da existência do
ser espiritual, da sua sobrevivência, da sua imortalidade e
da sua individualidade. Torna precisa e define o que aquela
idéia tinha de vago e de abstrato. Mostra o ser inteligente a
atuar fora da matéria, quer depois, quer durante a vida do
corpo.

5. São a mesma coisa o princípio espiritual e o princípio
vital?

Partindo, como sempre, da observação dos fatos, diremos
que, se o princípio vital fosse inseparável do princípio
inteligente, haveria certa razão para que os confundíssemos.

Mas, havendo, como há, seres que vivem e não pensam,
quais as plantas; corpos humanos que ainda se revelam
animados de vida orgânica quando já não há qualquer
manifestação de pensamento; uma vez que no ser vivo se
produzem movimentos vitais independentes de qualquer intervenção da vontade; que durante o sono a vida orgânica
se conserva em plena atividade, enquanto que a vida intelectual por nenhum sinal exterior se manifesta, é cabível se
admita que a vida orgânica reside num princípio inerente à
matéria, independente da vida espiritual, que é inerente ao
Espírito.

Ora, desde que a matéria tem uma vitalidade independente
do Espírito e que o Espírito tem uma vitalidade
independente da matéria, evidente se torna que essa dupla
vitalidade repousa em dois princípios diferentes. (Cap. X,
nos 16 a 19.)

6. Terá o princípio espiritual sua fonte de origem no elemento
cósmico universal? Será ele apenas uma transformação,
um modo de existência desse elemento, como a luz,
a eletricidade, o calor, etc.?

Se fosse assim, o princípio espiritual sofreria as vicissitudes
da matéria; extinguir-se-ia pela desagregação, como
o princípio vital; momentânea seria, como a do corpo, a
existência do ser inteligente que, então, ao morrer, volveria
ao nada, ou, o que daria na mesma, ao todo universal.
Seria, numa palavra, a sanção das doutrinas materialistas.

As propriedades sui generis que se reconhecem ao princípio
espiritual provam que ele tem existência própria, pois
que, se sua origem estivesse na matéria, aquelas propriedades
lhe faltariam. Desde que a inteligência e o pensamento
não podem ser atributos da matéria, chega-se, remontando
dos efeitos à causa, à conclusão de que o elemento
material e o elemento espiritual são os dois princípios
constitutivos do Universo. Individualizado, o elemento
espiritual constitui os seres chamados Espíritos, como,
individualizado, o elemento material constitui os diferentes
corpos da Natureza, orgânicos e inorgânicos.

7. Admitido o ser espiritual e não podendo ele proceder da
matéria, qual a sua origem, seu ponto de partida?
Aqui, falecem absolutamente os meios de investigação,
como para tudo o que diz respeito à origem das coisas. O
homem apenas pode comprovar o que existe; acerca de tudo
o mais, apenas lhe é dado formular hipóteses e, quer porque
esse conhecimento esteja fora do alcance da sua inteligência
atual, quer porque lhe seja inútil ou prejudicial
presentemente, Deus não lho outorga, nem mesmo pela
revelação.

O que Deus permite que seus mensageiros lhe digam e
o que, aliás, o próprio homem pode deduzir do princípio da
soberana justiça, atributo essencial da Divindade, é que
todos procedem do mesmo ponto de partida; que todos são
criados simples e ignorantes, com igual aptidão para progredir
pelas suas atividades individuais; que todos atingirão
o grau máximo da perfeição com seus esforços pessoais;
que todos, sendo filhos do mesmo Pai, são objeto de
igual solicitude; que nenhum há mais favorecido ou melhor
dotado do que os outros, nem dispensado do trabalho
imposto aos demais para atingirem a meta.

8. Ao mesmo tempo que criou, desde toda a eternidade,
mundos materiais, Deus há criado, desde toda a eternidade,
seres espirituais. Se assim não fora, os mundos materiais
careceriam de finalidade. Mais fácil seria conceberem-se
os seres espirituais sem os mundos materiais, do que estes
últimos sem aqueles. Os mundos materiais é que teriam de
fornecer aos seres espirituais elementos de atividade para
o desenvolvimento de suas inteligências.

9. Progredir é condição normal dos seres espirituais e a
perfeição relativa o fim que lhes cumpre alcançar. Ora,
havendo Deus criado desde toda a eternidade, e criando
incessantemente, também desde toda a eternidade tem
havido seres que atingiram o ponto culminante da escala.

Antes que existisse a Terra, mundos sem conta haviam
sucedido a mundos e, quando a Terra saiu do caos
dos elementos, o espaço estava povoado de seres espirituais
em todos os graus de adiantamento, desde os que
surgiam para a vida até os que, desde toda a eternidade,
haviam tomado lugar entre os puros Espíritos, vulgarmente
chamados anjos.

UNIÃO DO PRINCÍPIO ESPIRITUAL À MATÉRIA

10. Tendo a matéria que ser objeto do trabalho do Espírito
para desenvolvimento de suas faculdades, era necessário
que ele pudesse atuar sobre ela, pelo que veio habitá-la,
conto o lenhador habita a floresta. Tendo a matéria que
ser, no mesmo tempo, objeto e instrumento do trabalho,
Deus, em vez de unir o Espírito à pedra rígida, criou, para
seu uso, corpos organizados, flexíveis, capazes de receber
todas as impulsões da sua vontade e de se prestarem a
todos os seus movimentos.

O corpo é, pois, simultaneamente, o envoltório e o instrumento
do Espírito e, à medida que este adquire novas
aptidões, reveste outro invólucro apropriado ao novo gênero
de trabalho que lhe cabe executar, tal qual se faz com o
operário, a quem é dado instrumento menos grosseiro, à
proporção que ele se vai mostrando apto a executar obra
mais bem cuidada.

11. Para ser mais exato, é preciso dizer que é o próprio
Espírito que modela o seu envoltório e o apropria às suas
novas necessidades; aperfeiçoa-o e lhe desenvolve e completa
o organismo, à medida que experimenta a necessidade
de manifestar novas faculdades; numa palavra, talha-o
de acordo com a sua inteligência. Deus lhe fornece os materiais;
cabe-lhe a ele empregá-los. É assim que as raças
adiantadas têm um organismo ou, se quiserem, um aparelhamento cerebral mais aperfeiçoado do que as raças primitivas.

Desse modo igualmente se explica o cunho especial
que o caráter do Espírito imprime aos traços da
fisionomia e às linhas do corpo. (Cap. VIII, nº 7: Alma da
Terra.)

12. Desde que um Espírito nasce para a vida espiritual, tem,
por adiantar-se, que fazer uso de suas faculdades, rudimentares
a princípio. Por isso é que reveste um envoltório
adequado ao seu estado de infância intelectual,
envoltório que ele abandona para tomar outro, à proporção
que se lhe aumentam as forças. Ora como em todos os tempos
houve mundos e esses mundos deram nascimento a
corpos organizados próprios a receber Espíritos, em todos
os tempos os Espíritos, qualquer que fosse o grau de adiantamento que houvessem alcançado, encontraram os
elementos necessários à sua vida carnal.

13. Por ser exclusivamente material, o corpo sofre as vicissitudes
da matéria. Depois de funcionar por algum tempo,
ele se desorganiza e decompõe. O princípio vital, não mais
encontrando elemento para sua atividade, se extingue e o
corpo morre. O Espírito, para quem, este, carente de vida,
se torna inútil, deixa-o, como se deixa uma casa em
ruínas, ou uma roupa imprestável.

14. O corpo, conseguintemente, não passa de um envoltório
destinado a receber o Espírito. Desde então, pouco importam
a sua origem e os materiais que entraram na sua
construção. Seja ou não o corpo do homem uma criação
especial, o que não padece dúvida é que tem a formá-lo os
mesmos elementos que o dos animais, a animá-lo o mesmo
princípio vital, ou, por outra, a aquecê-lo o mesmo fogo,
como tem a iluminá-lo a mesma luz e se acha sujeito às
mesmas vicissitudes e às mesmas necessidades. É um ponto
este que não sofre contestação.

A não se considerar, pois, senão a matéria, abstraindo
do Espírito, o homem nada tem que o distinga do animal.

Tudo, porém, muda de aspecto, logo que se estabelece
distinção entre a habitação e o habitante.

Ou numa choupana, ou envergando as vestes de um
campônio, um nobre senhor não deixa de o ser. O mesmo
se dá com o homem: não é a sua vestidura de carne que o
coloca acima do bruto e faz dele um ser à parte; é o seu ser
espiritual, seu Espírito.

Fonte - Allan Kardec, A Gênese, do Cap.XI







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PENSAMENTO DO CRIADOR, PENSAMENTO DAS CRIATURAS, CORPÚSCULOS MENTAIS, MATÉRIA MENTAL E MATÉRIA FÍSICA, INDUÇÃO MENTAL E FORMAS PENSAMENTO.

1. PENSAMENTO DO CRIADOR

— Identificando o Fluido Elementar ou Hálito Divino por base mantenedora de todas as associações da forma nos domínios inumeráveis do Cosmo, do qual conhecemos o elétron como sendo um dos corpúsculos-base, nas organizações e oscilações da matéria, interpretaremos o Universo como um todo de forças dinâmicas, expressando o Pensamento do Criador. E superpondo- se -lhe à grandeza indevassável, encontraremos a matéria mental que nos é própria, em agitação constante, plasmando as criações temporárias, adstritas a nossa necessidade de progresso.

No macrocosmo e no microcosmo, tateamos as manifestações da Eterna Sabedoria que mobiliza agentes incontáveis para a estruturação de sistemas e formas, em variedade infinita de graus e fases, e entre o infinitamente pequeno e o infinitamente grande surge a inteligência humana, dotada igualmente da faculdade de mentalizar e cocriar, empalmando, para isso, os recursos intrínsecos à vida ambiente.

Nos fundamentos da Criação vibra o pensamento imensurável do Criador e sobre esse plasma divino vibra o pensamento mensurável da criatura a constituir-se no vasto oceano de força mental em que os poderes do Espírito se manifestam.

2. PENSAMENTO DAS CRIATURAS

— Do Princípio Elementar, fluindo incessantemente no campo cósmico, auscultamos, de modo imperfeito, as energias profundas que produzem eletricidade e magnetismo, sem conseguir enquadrá-las em exatas definições terrestres, e, da matéria mental dos seres criados, estudamos o pensamento ou fluxo energético do campo espiritual de cada um deles, a se graduarem nos mais diversos tipos de onda, desde os raios super-ultra-curtos, em que se exprimem as legiões angélicas, através de processos ainda inacessíveis à nossa observação, passando pelas oscilações curtas, médias e longas em que se exterioriza a mente humana, até as ondas fragmentárias dos animais, cuja vida psíquica, ainda em germe, somente arroja de si determinados pensamentos ou raios descontínuos.
Os Espíritos aperfeiçoados, que conhecemos sob a designação de potências angélicas do Amor Divino, operam no micro e no macrocosmo, em nome da Sabedoria Excelsa, formando condições adequadas e multiformes à expansão, sustentação e projeção da vida nas variadas Esferas da Natureza, no encalço de aquisições celestiais que, por enquanto, estamos longe de perceber. A mente dos homens, indiretamente controlada pelo comando superior, interfere no acervo de recursos do Planeta, em particular, aprimorando-lhe os recursos na direção do Plano angélico, e a mente embrionária dos animais, influenciada pela direção humana, hierarquiza-se em serviço nas regiões inferiores da Terra, no rumo das conquistas da Humanidade.

3. CORPÚSCULOS MENTAIS

— Como alicerce vivo de todas as realizações nos Planos físico e extrafísico, encontramos o pensamento por agente essencial. Entretanto, ele ainda é matéria, — a matéria mental, em que as leis de formação das cargas magnéticas ou dos sistemas atômicos prevalecem sob novo sentido, compondo o maravilhoso mar de energia sutil em que todos nos achamos submersos e no qual surpreendemos elementos que transcendem o sistema periódico dos elementos químicos conhecidos no mundo.

Temos, ainda aqui, as formações corpusculares, com bases nos sistemas atômicos em diferentes condições vibratórias, considerando os átomos, tanto no Plano físico, quanto no Plano mental, como associações de cargas positivas e negativas.
Isso nos compete naturalmente a denominar tais princípios de “núcleos, prótons, nêutrons, posítrons, elétrons ou fótons mentais” , em vista da ausência de terminologia analógica para estruturação mais segura de nossos apontamentos.

Assim é que o halo vital ou aura de cada criatura permanece tecido de correntes atômicas sutis dos pensamentos que lhe são próprios ou habituais, dentro de normas que correspondem à lei dos “quanta de energia” e aos princípios da mecânica ondulatória, que lhes imprimem frequência e cor peculiares.

Essas forças, em constantes movimentos sincrônicos ou estado de agitação pelos impulsos da vontade, estabelecem para cada pessoa uma onda mental própria.

4. MATÉRIA MENTAL E MATÉRIA FÍSICA

— Em posição vulgar, acomodados às impressões comuns da criatura humana normal, os átomos mentais inteiros, regularmente excitados, na esfera dos pensamentos, produzirão ondas muito longas ou de simples sustentação da individualidade, correspondendo à manutenção de calor. Se forem os elétrons mentais, nas órbitas dos átomos da mesma natureza, a causa da agitação, em estados menos comuns da mente, quais sejam os de atenção ou tensão pacífica, em virtude de reflexão ou oração natural, o campo dos pensamentos exprimir- se -á em ondas de comprimento médio ou de aquisição de experiência, por parte da alma, correspondendo à produção de luz interior. E se a excitação nasce dos diminutos núcleos atômicos, em situações extraordinárias da mente, quais sejam as emoções profundas, as dores indizíveis, as laboriosas e aturadas concentrações de força mental ou as súplicas aflitivas, o domínio dos pensamentos emitirá raios muito curtos ou de imenso poder transformador do campo espiritual, teoricamente semelhantes aos que se aproximam dos raios gama.

Assim considerando, a matéria mental, embora em aspectos fundamentalmente diversos, obedece a princípios idênticos àqueles que regem as associações atômicas, na Esfera física, demonstrando a divina unidade de plano do Universo.

5. INDUÇÃO MENTAL

— Recorrendo ao “campo” de Einstein, imaginemos a mente humana no lugar da chama em atividade. Assim como a intensidade de influência da chama diminui com a distância do núcleo de energias em combustão, demonstrando fração cada vez menor, sem nunca atingir a zero, a corrente mental se espraia, segundo o mesmo princípio, não obstante a diferença de condições.

Essa corrente de partículas mentais exterioriza-se de cada Espírito com qualidade de indução mental, tanto maior quanto mais amplos se lhe evidenciem as faculdades de concentração e o teor de persistência no rumo dos objetivos que demande.
Tanto quanto, no domínio da energia elétrica, a indução significa o processo através do qual um corpo que detenha propriedades eletromagnéticas pode transmiti-las a outro corpo sem contato visível, no reino dos poderes mentais a indução exprime processo idêntico, porquanto a corrente mental é suscetível de reproduzir as suas próprias peculiaridades em outra corrente mental que se lhe sintonize. E tanto na eletricidade quanto no mentalismo, o fenômeno obedece à conjugação de ondas, enquanto perdure a sustentação do fluxo energético.

Compreendemos assim, perfeitamente, que a matéria mental é o instrumento sutil da vontade, atuando nas formações da matéria física, gerando as motivações de prazer ou desgosto, alegria ou dor, otimismo ou desespero, que não se reduzem efetivamente a abstrações, por representarem turbilhões de força em que a alma cria os seus próprios estados de mentação indutiva, atraindo para si mesma os agentes (por enquanto imponderáveis na Terra), de luz ou sombra, vitória ou derrota, infortúnio ou felicidade.

6. FORMAS -PENSAMENTOS

— Pelos princípios mentais que influenciam em todas as direções, encontramos a telementação e a reflexão comandando todos os fenômenos de associação, desde o acasalamento dos insetos até a comunhão dos Espíritos Superiores, cujo sistema de aglutinação nos é, por agora, defeso ao conhecimento.

Emitindo uma ideia, passamos a refletir as que se lhe assemelham,
ideia essa que para logo se corporifica, com intensidade correspondente à nossa insistência em sustentá-la, mantendo-nos, assim, espontaneamente em comunicação com todos os que nos esposem o modo de sentir.

É nessa projeção de forças, a determinarem o compulsório intercâmbio com todas as mentes encarnadas ou desencarnadas, que se nos movimenta o Espírito no mundo das formas-pensamentos, construções substanciais na Esfera da alma, que nos liberam o passo ou no-lo escravizam, na pauta do bem ou do mal de nossa escolha. Isso acontece porque, à maneira do homem que constrói estradas para a sua própria expansão ou que talha algemas para si mesmo, a mente de cada um, pelas correntes de matéria mental que exterioriza, eleva- se a gradativa libertação no rumo dos Planos superiores ou estaciona nos Planos inferiores, como quem traça vasto labirinto aos próprios pés.

Fonte - Mecanismos da mediunidade — André Luiz — F. C. Xavier / Waldo Vieira







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DOAÇÃO DE ÓRGÃOS

Pergunta: O que a Doutrina Espírita pode falar a respeito de doação de órgãos, sabendo-se que o desligamento total do espírito pode às vezes ocorrer em até 24 horas e que, para a medicina, o tempo é muito importante para a eficácia dos transplantes? O Espiritismo é contra ou a favor dos transplantes?

Emmanuel - O benefício daqueles que necessitam consiste numa das maiores recompensas para o espírito. Desse modo, a Doutrina Espírita vê com bons olhos a doação de órgãos.
Mesmo que a separação entre o espírito e o corpo não se tenha completado, a Espiritualidade dispõe de recursos para impedir impressões penosas e sofrimentos aos doadores. A doação de órgãos não é contrária às Leis da Natureza, porque beneficia, além disso, é uma oportunidade para que se desenvolvam os conhecimentos científicos, colocando-os a serviço de vários necessitados.

COMA

Pergunta: O que se passa com os espíritos encarnados cujos corpos ficam meses, e até mesmo anos, em estado vegetativo (coma)?

Emmanuel - Seu estado será de acordo com sua situação mental. Há casos em que o espírito permanece como aprisionado ao corpo, dele não se afastando até que permita receber auxílio dos Benfeitores espirituais. São Pessoas, em geral, muito apegadas à vida material e que não se conformam com a situação.

Em outros casos, os espíritos, apesar de manterem uma ligação com o corpo físico, por intermédio do perispírito, dispõem de uma relativa liberdade. Em muitas ocasiões, pessoas saídas do coma descrevem as paisagens e os contatos com seres que os precederam na passagem para a Vida Espiritual. É comum que após essas experiências elas passem a ver a vida com novos olhos, reavaliando seus valores íntimos.

Em qualquer das circunstâncias, o Plano Espiritual sempre estende seus esforços na tentativa de auxílio. Daí a importância da prece, do equilíbrio, da palavra amiga e fraterna, da transmissão de paz, das conversações edificantes para que haja maiores condições ao trabalho do Bem que se direciona, nessas horas, tanto ao enfermo como aos encarnados (familiares e médicos).

EUTANÁSIA

Pergunta: Qual postura se deve ter perante a eutanásia? Estando o corpo físico sendo mantido por instrumentos, o espírito continua ligado a ele ou não?

Emmanuel - Os profissionais e responsáveis por pacientes que consentem com a prática da eutanásia, imbuída de idéias materialistas, desconhecem a realidade maior quanto à imortalidade do espírito. A morte voluntária é entendida como o fim de todos os sofrimentos, mas trata-se de considerável engano. A fuga de uma situação difícil, como a enfermidade, não resolverá as causas profundas que a produziram, já que estas se encontram em nossa consciência.

É necessário confiar, antes de tudo, na Providência Divina, já que tais situações consistem em valiosas lições em processos de depuração do espírito. Os momentos difíceis serão seguidos, mais tarde, por momentos felizes. Deve-se lembrar também que a ciência médica avança todos os dias e que males, antes incuráveis, hoje recebem tratamento adequado, além disso, em mais de uma ocasião já se verificaram casos de cura em pacientes desenganados pelos médicos.

Quanto à outra questão, respondemos que sim, os aparelhos conseguem fazer com que o espírito permaneça ligado a seu corpo por meio de laços do perispírito. Isso ocorre porque eles conseguem superar, até certo ponto, as descompensações e desarmonias no fluxo vital do organismo causado pela enfermidade.

CREMAÇÃO

Emmanuel - De quando em quando, amigos da Terra nos inquirem com respeito aos resultados possíveis da cremação que tenhamos porventura experimentado após o afastamento do corpo denso.

E efetivamente o assunto se reveste de significação e proveito, pelas repercussões do processo crematório no plano espiritual.
Por muito se examine, no mundo, a presença da morte física, conferindo-se-lhe foros de igualdade em quaisquer circunstâncias, o óbito não é idêntico no caminho de todos. Qual ocorre no berço, quando o renascimento estabelece condições diferentes, do ponto de vista orgânico, para cada um de nós, a separação do veículo terrestre está revestida de características originais para cada indivíduo. Além da existência comum na Terra, nem todas as criaturas se observam imediatamente exoneradas da inquietação e do trauma, da ansiedade ou do apego exagerado a si próprias.

Temos companheiros que, na desencarnação pelo fogo se liberam de improviso de qualquer conexão com os recursos que usufruíram na experiência material. Entretanto, encontramos outros, em vasta maioria, que embora a lenta desencarnação progressiva que atravessaram, se reconhecem singularmente detidos nas impressões e laços da vida material, notadamente nas primeiras cinqüenta horas que se seguem à derradeira parada cardíaca no carro fisiológico. Fácil observar, em vista disso, que o período de espera, no espaço razoável de setenta e duas horas, entre o enrijecimento do corpo físico e a cremação respectiva, é tempo valioso para a generalidade de todos aqueles que se encontram em trânsito de uma vida para outra.

Isso é compreensível porque se muitos irmãos dispensam semelhante cuidado, desde os primeiros instantes de silêncio no cérebro, outros, aos milhares, se observam vinculados aos tecidos inertes de que já se desvencilharam, no anseio, embora vão, de revivescê-los.

À face do exposto, nós, os amigos desencarnados, nada poderíamos aventar fundamentalmente contra a cremação. No entanto, entendendo que os nossos amigos - os homens da Esfera Física - ainda não dispõem de instrumento para analisar os graus de extensão e de intensidade do relacionamento entre o espírito recém-desencarnado e os resíduos sólidos que lhes pertenceram no mundo, consideramos justo que se lhes rogue o citado período de repouso, a favor dos chamados mortos, em câmara fria que lhes conserve a dignidade da forma. Depois disso o sepultamento ou a cremação nada mais representam, para a alma, que a desagregação mais lenta ou mais rápida das estruturas entretecidas em agentes físicos, das quais se libertou.

(Do livro "Caminhos de Volta", Francisco C. Xavier)

GENÉTICA

Pergunta: A Ciência se aperfeiçoa e caminha para resolver todos os problemas genéticos, ou seja, não mais nascerão crianças defeituosas. Pode-se concluir que os espíritos necessitados não mais terão oportunidade de reencarnar com provas difíceis para cumprir?

Emmanuel - Mesmo com o aperfeiçoamento da Ciência para resolver problemas genéticos, o espírito comprometeu-se em existências anteriores cometendo delitos que justificam, hoje, o seu nascimento com defeitos físicos e, por isso, continuará tendo provações difíceis objetivando a evolução.
A Ciência humana nunca poderá superar as Leis Divinas, que são físicas e morais, sendo que as provações não são somente de ordem física, mas também moral.

CONTROLE DA NATALIDADE

Pergunta: Qual é a posição do Espiritismo quanto ao uso de anticoncepcionais à esterilização?

Emmanuel - Tendo firmes nossos valores morais, nosso discernimento determinará o número de filhos que possamos criar com alegria, dentro dos padrões de correção e bons sentimentos.
Há clara diferença entre impedir a vinda de almas através do aborto, por egoísmo e desejo de sensualidade desequilibrada, e optar por um planejamento consciente, que cabe ao casal decidir.

A Doutrina deixa nossas consciências livres para tal gesto.

BEBÊS DE PROVETA - INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL

Pergunta: Como a Doutrina Espírita vê a situação dos bebês de proveta, isso é certo ou errado?

Emmanuel - A Espiritualidade inspira e acompanha os progressos da ciência e os pesquisadores não conseguem realizar o que não tem apoio nos laboratórios do Infinito.
Dentro da correta orientação médica, esse tipo de concepção pode ser tratado, não nos esquecendo de que muitas crianças sem lar anseiam por nosso afeto, em caso de impedimento físico para gerar um corpo.

DETERMINAÇÃO DE SEXO

Pergunta: Como devemos encarar a possibilidade de a ciência humana patrocinar a determinação de sexo no início da gestação?

André Luiz - Compreendendo-se que nos vertebrados o desenho gonadal se reveste de potencialidades bissexuais no começo da formação, é claramente possível a intervenção da ciência terrestre na determinação do sexo, na primeira fase da vida embrionária; contudo, importa considerar que semelhante ingerência na esfera dos destinos humanos traria conseqüências imprevisíveis à organização moral, entre as criaturas, porque essa atuação indébita se verificaria apenas no campo morfológico, impondo talvez inversões desnecessárias e imprimindo graves complicações ao foro íntimo de quantos fossem submetidos a tais processos de experimentação, positivamente contrários à inteligência que reflete a Sabedoria de Deus.

HOMEOPATIA

Pergunta: É verdade que a homeopatia age no perispírito?

Emmanuel - O medicamento homeopático atua energeticamente e não quimicamente, ou seja, sua ação terapêutica vai se dar no plano dinâmico ou energético do corpo humano, que se localiza no perispírito.

A medicação estimula energeticamente o perispírito, que por ressonância vibratória equilibra as disfunções existentes, isto é, o remédio exerce dias funções enquanto atua. Por isso a homeopatia além de tratar doenças físicas, atua também no tratamento dos desequilíbrios emocionais e mentais, promovendo, então, o reequilíbrio físico-espiritual.

EMMANUEL

Fonte - (Do livro “Plantão De Respostas “ – Francisco Cândido Xavier, Pinga Fogo)




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MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO
(A Vida Futura, A Realeza de Jesus, O Ponto de Vista)


1. Pilatos, tendo entrado de novo no palácio e feito vir Jesus à sua presença, perguntou-lhe: És o rei dos judeus? – Respondeu-lhe Jesus: Meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, a minha gente houvera combatido para impedir que eu caísse nas mãos dos judeus; mas, o meu reino ainda não é aqui.
Disse-lhe então Pilatos: És, pois, rei? – Jesus lhe respondeu: Tu o dizes; sou rei; não nasci e não vim a este mundo senão para dar testemunho da verdade. Aquele que pertence à verdade escuta a minha voz. (S. JOÃO, 18:33, 36 e 37.)

2. Por essas palavras, Jesus claramente se refere à vida futura, que ele apresenta, em todas as circunstâncias, como a meta a que a Humanidade irá ter e como devendo constituir objeto das maiores preocupações do homem na Terra. Todas as suas máximas se reportam a esse grande princípio. Com efeito, sem a vida futura, nenhuma razão de ser teria a maior parte dos seus preceitos morais, donde vem que os que não creem na vida futura, imaginando que ele apenas falava na vida presente, não os compreendem, ou os consideram pueris.

Esse dogma pode, portanto, ser tido como o eixo do ensino do Cristo, pelo que foi colocado num dos primeiros lugares a frente desta obra. É que ele tem de ser o ponto de mira de todos os homens; só ele justifica as anomalias da vida terrena e se mostra de acordo com a justiça de Deus.

3. Apenas idéias muito imprecisas tinham os judeus acerca da vida futura. Acreditavam nos anjos, considerando-os seres privilegiados da Criação; não sabiam, porém, que os homens podem um dia tornar-se anjos e partilhar da felicidade destes. Segundo eles, a observância das leis de Deus era recompensada com os bens terrenos, com a supremacia da nação a que pertenciam, com vitórias sobre os seus inimigos. As calamidades públicas e as derrotas eram o castigo da desobediência àquelas leis. Moisés não pudera dizer mais do que isso a um povo pastor e ignorante, que precisava ser tocado, antes de tudo, pelas coisas deste mundo. Mais tarde, Jesus lhe revelou que há outro mundo, onde a justiça de Deus segue o seu curso. É esse o mundo que ele promete aos que cumprem os mandamentos de Deus e onde os bons acharão sua recompensa. Aí o seu reino; lá é que ele se encontra na sua glória e para onde voltaria quando deixasse a Terra.

Jesus, porém, conformando seu ensino com o estado dos homens de sua época, não julgou conveniente dar-lhes luz completa, percebendo que eles ficariam deslumbrados, visto que não a compreenderiam. Limitou-se a, de certo modo, apresentar a vida futura apenas como um princípio, como uma lei da Natureza a cuja ação ninguém pode fugir. Todo cristão, pois, necessariamente crê na vida futura; mas, a ideia que muitos fazem dela é ainda vaga, incompleta e, por isso mesmo, falsa em diversos pontos. Para grande número de pessoas, não há, a tal respeito, mais do que uma crença, balda de certeza absoluta, donde as dúvidas e mesmo a incredulidade.

O Espiritismo veio completar, nesse ponto, como em vários outros, o ensino do Cristo, fazendo-o quando os homens já se mostram maduros bastante para apreender a verdade. Com o Espiritismo, a vida futura deixa de ser simples artigo de fé, mera hipótese; torna-se uma realidade material, que os fatos demonstram, porquanto são testemunhas oculares os que a descrevem nas suas fases todas e em todas as suas peripécias, e de tal sorte que, além de impossibilitarem qualquer dúvida a esse propósito, facultam à mais vulgar inteligência a possibilidade de imaginá-la sob seu verdadeiro aspecto, como toda gente imagina um país cuja pormenorizada descrição leia.

Ora, a descrição da vida futura é tão circunstanciadamente feita, são tão racionais as condições, ditosas ou infortunadas, da existência dos que lá se encontram, quais eles próprios pintam, que cada um, aqui, a seu mau grado, reconhece e declara a si mesmo que não pode ser de outra forma, porquanto, assim sendo, patente fica a verdadeira justiça de Deus.

A REALEZA DE JESUS

4. Que não é deste mundo o reino de Jesus todos compreendem, mas, também na Terra não terá ele uma realeza? Nem sempre o título de rei implica o exercício do poder temporal. Dá-se esse título, por unânime consenso, a todo aquele que, pelo seu gênio, ascende à primeira plana numa ordem de idéias quaisquer, a todo aquele que domina, o seu século e influi sobre o progresso da Humanidade. É nesse sentido que se costuma dizer: o rei ou príncipe dos filósofos, dos artistas, dos poetas, dos escritores, etc.

Essa realeza, oriunda do mérito pessoal, consagrada pela posteridade, não revela, muitas vezes, preponderância bem maior do que a que cinge a coroa real? Imperecível é a primeira, enquanto esta outra é joguete das vicissitudes; as gerações que se sucedem à primeira sempre a bendizem, ao passo que, por vezes, amaldiçoam a outra. Esta, a terrestre, acaba com a vida; a realeza moral se prolonga e mantém o seu poder, governa, sobretudo, após a morte. Sob esse aspecto não é Jesus mais poderoso rei do que os potentados da Terra? Razão, pois, lhe assistia para dizer a Pilatos, conforme disse: “Sou rei, mas o meu reino não é deste mundo.”

O PONTO DE VISTA

5. A ideia clara e precisa que se faça da vida futura proporciona inabalável fé no porvir, fé que acarreta enormes conseqüências sobre a moralização dos homens, porque muda completamente o ponto de vista sob o qual encaram eles a vida terrena. Para quem se coloca, pelo pensamento, na vida espiritual, que é indefinida, a vida corpórea se torna simples passagem, breve estada num país ingrato. As vicissitudes e tribulações dessa vida não passam de incidentes que ele suporta com paciência, por sabê-las de curta duração, devendo seguir-se-lhes um estado mais ditoso. À mor- te nada mais restará de aterrador; deixa de ser a porta que se abre para o nada e torna-se a que dá para a libertação, pela qual entra o exilado numa mansão de bem-aventurança e de paz. Sabendo temporária e não definitiva a sua estada no lugar onde se encontra, menos atenção presta às preocupações da vida, resultando-lhe daí uma calma de espírito que tira àquela muito do seu amargor.

Pelo simples fato de duvidar da vida futura, o homem dirige todos os seus pensamentos para a vida terrestre. Sem nenhuma certeza quanto ao porvir, dá tudo ao presente. Nenhum bem divisando mais precioso do que os da Terra, torna-se qual a criança que nada mais vê além de seus brinquedos. E não há o que não faça para conseguir os únicos bens que se lhe afiguram reais. A perda do menor deles lhe ocasiona causticante pesar; um engano, uma
decepção, uma ambição insatisfeita, uma injustiça de que seja vítima, o orgulho ou a vaidade feridos são outros tantos tormentos, que lhe transformam a existência numa perene angústia, infligindo-se ele, desse modo, a si próprio, verdadeira tortura de todos os instantes.

Colocando o ponto de vista, de onde considera a vida corpórea, no lugar mesmo em que ele aí se encontra, vastas proporções assume tudo o que o rodeia. O mal que o atinja, como o bem que toque
aos outros, grande importância adquire aos seus olhos. Àquele que se acha no interior de uma cidade, tudo lhe parece grande: assim os homens que ocupem as altas posições, como os monumentos. Suba ele, porém, a uma montanha, e logo bem pequenos lhe parecerão homens e coisas.

É o que sucede ao que encara a vida terrestre do ponto de vista da vida futura; a Humanidade, tanto quanto as estrelas do firmamento, perde-se na imensidade. Percebe então que grandes e pequenos estão confundidos, como formigas sobre um montículo de terra; que proletários e potentados são da mesma estatura, e lamenta que essas criaturas efêmeras a tantas canseiras se entreguem para conquistar um lugar que tão pouco as elevará e que por tão pouco tempo conservarão. Daí se segue que a importância dada aos bens terrenos está sempre em razão inversa da fé na vida futura.

6. Se toda a gente pensasse dessa maneira, dir-se-ia, tudo na Terra periclitaria, porquanto ninguém mais se iria ocupar com as coisas terrenas. Não; o homem, instintivamente, procura o seu bem-estar e, embora certo de que só por pouco tempo permanecerá no lugar em que se encontra, cuida de estar aí o melhor ou o menos mal que lhe seja possível. Ninguém há que, dando com um espinho debaixo de sua mão, não a retire, para se não picar. Ora, o desejo do bem-estar força o homem a tudo melhorar, impelido que é pelo instinto do progresso e da conservação, que está nas leis da Natureza. Ele, pois, trabalha por necessidade, por gosto e por dever, obedecendo, desse modo, aos desígnios da Providência que, para tal fim, o pôs na Terra. Simples- mente, aquele que se preocupa com o futuro não liga ao
presente mais do que relativa importância e facilmente se consola dos seus insucessos, pensando no destino que o aguarda.

Deus, conseguintemente, não condena os gozos terrenos; condena, sim, o abuso desses gozos em detrimento das coisas da alma. Contra tais abusos é que se premunem os que a si próprios aplicam estas palavras de Jesus: Meu reino não é deste mundo.

Aquele que se identifica com a vida futura assemelha-se ao rico que perde sem emoção uma pequena soma. Aquele cujos pensamentos se concentram na vida terrestre assemelha-se ao pobre que perde tudo o que possui e se desespera.

7. O Espiritismo dilata o pensamento e lhe rasga horizontes novos. Em vez dessa visão, acanhada e mesquinha, que o concentra na vida atual, que faz do instante que vivemos na Terra único e frágil eixo do porvir eterno, ele, o Espiritismo, mostra que essa vida não passa de um elo no harmonioso e magnífico conjunto da obra do Criador. Mostra a solidariedade que conjuga todas as existências de um mesmo ser, todos os seres de um mesmo mundo e os seres de todos os mundos. Faculta assim uma base e uma razão de ser à fraternidade universal, enquanto a doutrina da criação da alma por ocasião do nascimento de cada corpo tor- na estranhos uns aos outros todos os seres. Essa solidariedade entre as partes de um mesmo todo explica o que inexplicável se apresenta, desde que se considere apenas um ponto. Esse conjunto, ao tempo do Cristo, os homens não o teriam podido compreender, motivo por que ele
reservou para outros tempos o fazê-lo conhecido.

Fonte - Allan Kardec, O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap II




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  O ORGULHO E O EGOÍSMO - DESPOJAMENTO

      913. Dentre os vícios, qual o que se pode considerar radical?

“Temo-lo dito muitas vezes: o egoísmo. Daí deriva todo mal. Estudai todos os vícios e vereis que no fundo de todos há egoísmo. Por mais que lhes deis combate, não chegareis a
extirpá-los, enquanto não atacardes o mal pela raiz, enquanto não lhe houverdes destruído a causa. Tendam, pois, todos os esforços para esse efeito, porquanto aí é que está a
verdadeira chaga da sociedade.

Quem quiser, desde esta vida, ir aproximando-se da perfeição moral, deve expurgar o seu coração de todo sentimento de egoísmo, visto ser o egoísmo incompatível com a justiça, o
amor e a caridade. Ele neutraliza todas as outras qualidades.”

                                       917. Qual o meio de destruir-se o egoísmo?

“De todas as imperfeições humanas, o egoísmo é a mais difícil de desenraizar-se porque deriva da influência da matéria, influência de que o homem, ainda muito próximo de sua
origem, não pôde libertar-se e para cujo entretenimento tudo concorre: suas leis, sua organização social, sua educação. O egoísmo se enfraquecerá à proporção que a vida moral
for predominante sobre a vida material e, sobretudo, com a compreensão, que o Espiritismo vos faculta, do vosso estado futuro, real e não desfigurado por ficções alegóricas. Quando,
bem compreendido, se houver identificado com os costumes e as crenças, o Espiritismo transformará os hábitos, os usos, as relações sociais. O egoísmo assenta na importância da
personalidade. Ora, o Espiritismo, bem compreendido, repito, mostra as coisas de tão alto que o sentimento da personalidade desaparece, de certo modo, diante da imensidade.

Destruindo essa importância, ou, pelo menos, reduzindo-a às suas legítimas proporções, ele necessariamente combate o egoísmo.

“O choque, que o homem experimenta, do egoísmo os outros é o que muitas vezes o faz egoísta, por sentir a necessidade de colocar-se na defensiva. Notando que os outros pensam
em si próprios e não nele, ei-lo levado a ocupar-se consigo, mais do que com os outros. Sirva de base às instituições sociais, às relações legais de povo a povo e de homem a homem o princípio da caridade e da fraternidade e cada um pensará menos na sua pessoa, assim veja que outros nela pensam. Todos experimentarão a influência moralizadora do exemplo e do contacto.

Em face do atual extravasamento de egoísmo, grande virtude é
verdadeiramente necessária, para que alguém renuncie à sua personalidade em proveito dos outros, que, de ordinário, absolutamente lhe não agradecem. Principalmente para os que
possuem essa virtude, é que o reino dos céus se acha aberto. A esses, sobretudo, é que está reservada a felicidade dos eleitos, pois em verdade vos digo que, no dia da justiça, será
posto de lado e sofrerá pelo abandono, em que se há de ver, todo aquele que em si somente houver pensado.”
Fénelon.

“Enquanto nos demoramos nas teias da animalidade, costumamos centralizar a vida na concha envenenada do egoísmo, orientando-nos pelo cérebro, agindo pelo estômago e
inspirando-nos pelo sexo... A passagem na Terra significa, então, para nossa alma, o movimento feroz de caça e presa.”
(Emmanuel)

“Face ao imenso período de predominância do instinto como guia do comportamento até o momento em que surgem os pródomos da razão e do discernimento, fixaram-se os caracteres mais fortes das sensações, facultando campo para o poder - predominância sobre os espécimes mais fracos - e o prazer, expresso na volúpia dos desejos automatistas.
Lentamente se foi desenvolvendo o ego, que passou a ser elemento básico para a sobrevivência consciente do ser, enraizando-se na psique e exteriorizando-se na personalidade onde mantém o seu campo de desenvolvimento.”
(Joanna de Ângelis)

“Se o egoísta contemplasse a solidão infernal que o aguarda, nunca se afastaria da prática infatigável da fraternidade e da cooperação.”
(Emmanuel)

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DESPOJAMENTO

O grande adversário da soberba, filha dileta do egoísmo e do orgulho, é o despojamento. Quando o indivíduo adquire a capacidade de libertar-se de amarras muito bem urdidas, que
o aprisionam no cárcere sem paredes das paixões primevas, nos quais se demora em círculo vicioso de prazer vão, consegue auto-enfrentar-se, descobrindo os caprichos doentios do
ego e todos os disfarces de que se utiliza, a fim de permanecer dominando.

Vasculhando os sentimentos profundos, percebe que muitos dos fatores que lhe justificam comportamentos enfermiços, com que se apresenta nos círculos sociais, são tramados por
esse famanaz do personalismo, que pretende dominar todas as paisagens onde se encontra, dando origem ao orgulho, que é a matriz inditosa das discriminações condenáveis e das
atitudes criminosas.

Neles – no egoísmo e no orgulho – se centraliza a hediondez que conduz o indivíduo aos desvãos da arrogância de falsa superioridade, de privilégios que exige por desfrutar, de
caprichos mórbidos que deseja impor.

A humildade, por sua vez, essa conquista insuperável da evolução, dando medida do significado real do ser humano ante o Cosmo, é a combatente silenciosa e serena que vai
tomando posse das diversas áreas do sentimento, por verificar a rapidez com que passa a fatuidade e como é destituída de sentido emocional e humano legítimo.

Estabelece, de imediato, a necessidade do despojamento dos valores que não tem significado verdadeiro, porque são de constituição ilusória: títulos de nobreza, homenagens
de destaque na comunidade, de honradez, de coragem, de serviço ao próximo, de beleza, de cultura, de arte, porque ao se modificarem as circunstâncias, ou passarem os
homenageadores, substituídos por outros que pensam de forma diferente, podem cassá-los, ou as enfermidades, as fraquezas morais podem alterar o comportamento do elegido, que se
torna reprochável ou demente, agressivo ou extravagante, esnobe ou perverso.

Enquanto no corpo físico, o Espírito está sempre sujeito a muitas vicissitudes, devendo-se impor vigilância constante e oração freqüente, para livrar-se da própria mesquinhez em
forma de paixões perturbadoras.

O indivíduo deve despojar-se de tudo quanto lhe é supérfluo.
Acumula coisas inúteis, na expectativa inviável de as utilizar algum dia, que nunca chega. Reúne objetos, aos quais atribui significado, que permanecem sem alma, quando necessita de companhia na solidão.

Guerreia por terras e campos de que se apropria, permitindo-se desmandos terríveis para mantê-los, fomentando a miséria daqueles que os não possuem e combatendo os invasores
que não dispõem de teto, enquanto ele não tem a mínima necessidade de uma parte sequer de tantos haveres...

Guarda roupas, calçados, adereços e jóias que atulham os armários e as gavetas, com desmedida ambição, não os podendo usar, senão, a pouco e pouco, aumentando os estoques
ante a contínua variação da moda.

Coleciona automóveis, em inconcebível usura, quando somente de cada um deles se utiliza uma que outra vez.
Sua contas bancárias, mortas em investimentos oscilantes, dariam, se aplicadas na beneficência, no humanitarismo, que gerassem empregos e dignificassem os indivíduos,
para equacionar, senão minimizar os problemas da fome, das doenças endêmicas do mundo, alterando completamente a geopolítica humana ora vigente.

A volúpia por adquirir instrumentos eletro–eletrônicos aturde, levando-o a exageros, quase sem espaço para instalá-los e bem pouco fruí-los por falta de tempo hábil para tanto...
... Mas o orgulho que exorbita, aumenta-lhes a emoção pela posse e os leva ao campeonato da exibição social, quando se discutem as conquistas de breve duração. O essencial é mais importante do que o supérfluo, que nunca tem utilidade para quem o guarda.

Na alucinação que predomina no corre-corre das compras e do luxo, torna-se difícil selecionar o que é valioso daquilo que apenas parece ser. Somente aprendendo a técnica do despojamento, é que surge a liberdade, e por extensão, a
felicidade.

Reparte os excessos – o que não te faz falta – com aqueles que os necessitam, enriquecendo outras vidas.
Valoriza o tempo, simplificando a tua existência, mediante a diminuição de objetos e complexidades inúteis.
À medida que te fores liberando das coisas que te afligem por ter e por medo de perder, irão surgindo espaços emocionais para que sejam colocadas outras aspirações que o tempo não
consome, os ladrões não roubam, nem as traças roem.
Áreas psíquicas que se encontram preenchidas por inutilidades imediatistas, cederão lugar para que se instalem reflexões plenificadoras, êxtases refazentes e paz duradoura.

Despojando-te dos objetos exteriores, irás também desapegando-te dos vícios que te escravizam, dissociando-te das injunções penosas que o egoísmo e o orgulho te impõem e
descobrindo a beleza do amor que se expande e que plenifica o coração.

Começa, portanto, despojando-te, desde este momento, de qualquer valor que não tem real valor, e avança no rumo do despojamento espiritual das tuas vacuidades terrestres.

Joanna de Ângelis

Livro: Dias Gloriosos
Médium: Divaldo P. Franco




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VISTA ESPIRITUAL OU PSÍQUICA. DUPLA VISTA.
SONAMBULISMO. SONHOS

22. O perispírito é o traço de união entre a vida corpórea e
a vida espiritual. É por seu intermédio que o Espírito encarnado
se acha em relação contínua com os desencarnados;
é, em suma, por seu intermédio, que se operam no
homem fenômenos especiais, cuja causa fundamental não
se encontra na matéria tangível e que, por essa razão,
parecem sobrenaturais.

É nas propriedades e nas irradiações do fluido
perispirítico que se tem de procurar a causa da dupla vista,
ou vista espiritual, a que também se pode chamar vista psíquica,
da qual muitas pessoas são dotadas, freqüentemente
a seu mau grado, assim como da vista sonambúlica.

O perispírito é o órgão sensitivo do Espírito, por meio
do qual este percebe coisas espirituais que escapam aos
sentidos corpóreos. Pelos órgãos do corpo, a visão, a audição
e as diversas sensações são localizadas e limitadas à
percepção das coisas materiais; pelo sentido espiritual, ou
psíquico, elas se generalizam: o Espírito vê, ouve e sente,
por todo o seu ser, tudo o que se encontra na esfera de
irradiação do seu fluido perispirítico.

No homem, tais fenômenos constituem a manifestação
da vida espiritual; é a alma a atuar fora do organismo.
Na dupla vista ou percepção pelo sentido psíquico, ele não
vê com os olhos do corpo, embora, muitas vezes, por hábito, dirija o olhar para o ponto que lhe chama a atenção. Vê
com os olhos da alma e a prova está em que vê perfeitamente
bem com os olhos fechados e vê o que está muito
além do alcance do raio visual. Lê o pensamento figurado
no raio fluídico (nº 15).1

(1 Fatos de dupla vista e lucidez sonambúlica relatados na Revue Spirite: janeiro de 1858, pág. 25; novembro de 1858, pág. 313; julho de 1861, pág. 193; novembro de 1865, pág. 352.)

23. Embora, durante a vida, o Espírito se encontre preso ao
corpo pelo perispírito, não se lhe acha tão escravizado, que
não possa alongar a cadeia que o prende e transportar-se
a um ponto distante, quer sobre a Terra, quer do espaço.
Repugna ao Espírito estar ligado ao corpo, porque a sua
vida normal é a de liberdade e a vida corporal é a do servo
preso à gleba.

Ele, por conseguinte, se sente feliz em deixar o corpo,
como o pássaro em se encontrar fora da gaiola, pelo que
aproveita todas as ocasiões que se lhe oferecem para dela
se escapar, de todos os instantes em que a sua presença
não é necessária à vida de relação. Tem-se então o fenômeno
a que se dá o nome de emancipação da alma, fenômeno
que se produz sempre durante o sono. De todas as vezes
que o corpo repousa, que os sentidos ficam inativos, o Espírito
se desprende. (O Livro dos Espíritos, Parte 2ª, cap. VIII.)

Nesses momentos ele vive da vida espiritual, enquanto
que o corpo vive apenas da vida vegetativa; acha-se, em
parte, no estado em que se achará após a morte: percorre o
espaço, confabula com os amigos e outros Espíritos, livres
ou encarnados também.

O laço fluídico que o prende ao corpo só por ocasião da
morte se rompe definitivamente; a separação completa somente
se dá por efeito da extinção absoluta da atividade
vital. Enquanto o corpo vive, o Espírito, a qualquer distância
que esteja, é instantaneamente chamado à sua prisão,
desde que a sua presença aí se torne necessária. Ele, então,
retoma o curso da vida exterior de relação. Por vezes,
ao despertar, conserva das suas peregrinações uma lembrança,
uma imagem mais ou menos precisa, que constitui
o sonho. Quando nada, traz delas intuições que lhe sugerem
idéias e pensamentos novos e justificam o provérbio: A
noite é boa conselheira.

Assim igualmente se explicam certos fenômenos característicos
do sonambulismo natural e magnético, da catalepsia, da letargia, do êxtase, etc., e que mais não são
do que manifestações da vida espiritual.1

(1 Casos de letargia e de catalepsia: Revue Spirite: “Senhora
Schwabenhaus”, setembro de 1858, pág. 255; — “A jovem cataléptica da Suábia”, janeiro de 1866, pág. 18.)

24. Pois que a visão espiritual não se opera por meio dos
olhos do corpo, segue-se que a percepção das coisas não se
verifica mediante a luz ordinária: de fato, a luz material é
feita para o mundo material; para o mundo espiritual, uma
luz especial existe, cuja natureza desconhecemos, porém
que é, sem dúvida, uma das propriedades do fluido etéreo,
adequada às percepções visuais da alma. Há, portanto, luz
material e luz espiritual. A primeira emana de focos circunscritos
aos corpos luminosos; a segunda tem o seu foco
em toda parte: tal a razão por que não há obstáculo para a
visão espiritual, que não é embaraçada nem pela distância,
nem pela opacidade da matéria, não existindo para ela a
obscuridade. O mundo espiritual é, pois, iluminado pela
luz espiritual, que tem seus efeitos próprios, como o
mundo material é iluminado pela luz solar.

25. Assim, envolta no seu perispírito, a alma tem consigo o
seu princípio luminoso. Penetrando a matéria por virtude
da sua essência etérea, não há, para a sua visão, corpos
opacos.

Entretanto, a vista espiritual não é idêntica, quer em
extensão, quer em penetração, para todos os Espíritos. Somente
os Espíritos puros a possuem em todo o seu poder.
Nos inferiores ela se acha enfraquecida pela relativa
grosseria do perispírito, que se lhe interpõe qual nevoeiro.
Manifesta-se em diferentes graus, nos Espíritos encarnados,
pelo fenômeno da segunda vista, tanto no sonambulismo
natural ou magnético, quanto no estado de vigília.

Conforme o grau de poder da faculdade, diz-se que a lucidez
é maior ou menor. Com o auxílio dessa faculdade é que
certas pessoas vêem o interior do organismo humano e
descrevem as causas das enfermidades.

26. A vista espiritual, portanto, faculta percepções especiais
que, não tendo por sede os órgãos materiais, se operam em
condições muito diversas das que decorrem da vida corporal.
Efetuando-se fora do organismo, tem ela uma mobilidade
que derrui todas as previsões. Indispensável se torna
estudá-la em seus efeitos e em suas causas e não assimilando-
a à vista ordinária, que ela não se destina a suprir,
salvo casos excepcionais, que se não poderiam tomar como
regra.

27. Necessariamente incompleta e imperfeita é a vista espiritual
nos Espíritos encarnados e, por conseguinte, sujeita
a aberrações. Tendo por sede a própria alma, o estado desta
há de influir nas percepções que aquela vista faculte.
Segundo o grau de desenvolvimento, as circunstâncias e o
estado moral do indivíduo, pode ela dar, quer durante o
sono, quer no estado de vigília: 1º a percepção de certos
fatos materiais e reais, como o conhecimento de alguns que
ocorram a grande distância, os detalhes descritivos de uma
localidade, as causas de uma enfermidade e os remédios
convenientes; 2º a percepção de coisas igualmente reais do
mundo espiritual, como a presença dos Espíritos; 3º imagens
fantásticas criadas pela imaginação, análogas às criações
fluídicas do pensamento.

Estas criações se acham sempre em relação com as disposições
morais do Espírito que as gera. É assim que o pensamento
de pessoas fortemente imbuídas de certas crenças religiosas
e com elas preocupadas lhes apresenta o inferno, suas fornalhas, suas torturas e seus demônios, tais quais essas
pessoas os imaginam. Às vezes, é toda uma epopéia. Os
pagãos viam o Olimpo e o Tártaro, como os cristãos vêem o
inferno e o paraíso. Se, ao despertarem, ou ao saírem do
êxtase, conservam lembrança exata de suas visões, os que
as tiveram tomam-nas como realidades confirmativas de
suas crenças, quando tudo não passa de produto de seus
próprios pensamentos1. Cumpre, pois, se faça uma

(1 Podem explicar-se assim as visões da irmã Elmerich que, reportando- se ao tempo da paixão do Cristo, diz ter visto coisas materiais, que nunca existiram, senão nos livros que ela leu; as da Sra. Cantanille (Revue Spirite, de agosto de 1866, pág. 240) e uma parte das de Swedenborg.)

28. Os sonhos propriamente ditos apresentam os três
caracteres das visões acima descritas. Às duas primeiras
categorias dessas visões pertencem os sonhos de previsões,
pressentimentos e avisos. Na terceira, isto é, nas criações
fluídicas do pensamento, é que se pode deparar com a causa
de certas imagens fantásticas, que nada têm de real,
com relação à vida corpórea, mas que apresentam às vezes,
para o Espírito, uma realidade tal, que o corpo lhe sente o
contrachoque, havendo casos em que os cabelos
embranquecem sob a impressão de um sonho.

Podem essas criações ser provocadas: pela exaltação das crenças; por lembranças retrospectivas; por gostos, desejos, paixões, temor, remorsos; pelas preocupações habituais; pelas necessidades do corpo, ou por um embaraço nas funções do
organismo; finalmente, por outros Espíritos, com objetivo
benévolo ou maléfico, conforme a sua natureza 2.

(2 Revue Spirite, junho de 1866, pág. 172; — setembro de 1866,
pág. 284. — O Livro dos Espíritos, Parte 2ª, cap. VIII, nº 400.)

Fonte - Allan kardec, A Gênese, Cap.XIV "Fluidos"




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A MORTE DE UM HOMEM DE BEM - A DESENCARNAÇÃO DE SAMUEL FILIPE RELATADA PELO PRÓPRIO.


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SAMUEL FILIPE

Este era um homem de bem na verdadeira acepção da palavra.
Ninguém se lembrava de o ter visto cometer uma ação má ou errar voluntariamente no que quer que fosse. De um devotamento extremo pelos amigos, podia-se ter como certo o seu acolhimento, em se tratando de quaisquer favores, ainda que contrários ao seu próprio interesse.

Trabalhos, fadigas, sacrifícios, nada o impedia de ser útil, e
isto sem ostentação, admirando-se quando se lhe atribuía por
estes predicados um grande mérito. Jamais desprezou os que lhe fizeram mal; antes se dava pressa em servi-los como se bem semelhante lhe houvessem feito. Em se tratando de ingratos, dizia:

Não é a mim, porém a eles que se deve lastimar. Posto que muito inteligente e dotado de natural vivacidade, teve na Terra uma vida obscura, laboriosa e bordada de rudes provações. Podia-se comparar a essas naturezas de escol que vivem na sombra, das quais o mundo não fala e cujo brilho não se reflete na Terra.

Haurira no conhecimento do Espiritismo uma fé ardente na vida
futura e uma grande resignação para todos os males da existência terrena. Finalmente, faleceu em dezembro de 1862, na idade de 50 anos, de moléstia atroz, sendo o seu passamento muito sensível à família e aos amigos. Evocamo-lo alguns meses depois do trespasse.

— P. Tendes uma recordação nítida dos últimos instantes
da vida na Terra?

— R. Perfeitamente, conquanto essa recordação reaparecesse gradualmente. No instante preciso do desprendimento eram confusas as minhas idéias.

— P. Quereríeis, a bem da nossa instrução e do interesse
que nos mereceis pela vossa vida exemplar, descrever
como ocorreu o vosso trespasse da vida corporal para a
espiritual?

— R. “De bom grado, tanto mais quanto a narrativa não aproveitará somente a vós, mas a mim próprio,
por isso que, dirigindo o meu pensamento para a Terra, a
comparação faz-me apreciar melhor a bondade do Criador.

Sabeis que de tribulações provei na vida; entretanto, jamais
me faltou coragem na adversidade, graças a Deus! E
hoje, felicito-me! E ainda tremo ao pensar que tudo quanto
sofri se anularia caso desfalecesse, tendo de recomeçar
novamente as provações! Oh! meus amigos, compenetrai-
-vos firmemente desta verdade, pois nela reside a felicidade
do vosso futuro. Não é, por certo, comprar muito caro essa
felicidade por alguns anos de sofrimento! Ah! Se soubésseis
o que são alguns anos comparados ao infinito! Se de fato a
minha última existência teve algum mérito aos vossos olhos,
outro tanto não diríeis das que a precederam. E não foi
senão à força de trabalho sobre mim mesmo, que me tornei
o que ora sou. Para apagar os últimos traços das faltas
anteriores, era-me preciso sofrer as últimas provas que voluntariamente aceitei.

Foi na firmeza das minhas resoluções que escudei a resignação, a fim de sofrer sem me queixar.

Hoje abençoo essas provações, pois a elas devo o ter
rompido com o passado — simples recordação agora que
me permite contemplar com legítima alegria o caminho
percorrido.

Oh! vós que me fizestes padecer na Terra; que fostes
cruéis e malévolos para comigo, que me humilhastes e
afligistes; vós, cuja má-fé tantas vezes me acarretou duras
privações, não somente vos perdoo mas até vos agradeço.
Intentando fazer mal, não suspeitáveis do bem que esse
mal me proporcionaria. É verdade, portanto, que a vós devo
grande parte da felicidade de que gozo, uma vez que me
facultastes ocasião para perdoar e pagar o mal com o bem.

Deus colocou-vos em meu caminho para aferir a minha
paciência, exercitando-me igualmente na prática da mais
difícil caridade: a de amar os inimigos.

Não vos impacienteis com esta divagação, porquanto
vou responder agora à vossa pergunta. Conquanto sofresse
cruelmente com a moléstia que me acometeu, quase não
tive agonia: a morte sobreveio-me como um sono, sem lutas
nem abalos. Sem temor pelo futuro, não me apeguei à
vida e não tive, por conseguinte, de me debater nos últimos
momentos. A separação completou-se sem dor, nem esforço,
sem que eu mesmo de tal me apercebesse. Ignoro que
tempo durou o sono, que foi curto aliás. Meu calmo despertar
contrastava com o estado precedente: não sentia mais
dores e exultava de alegria; queria erguer-me, caminhar,
mas um torpor nada desagradável, antes deleitoso, me prendia,
e eu me abandonava a ele prazerosamente, sem compreender
a minha situação, conquanto não duvidasse ter
já deixado a Terra.

Tudo que me cercava era como se fora
um sonho. Vi minha mulher e alguns amigos ajoelhados no
meu quarto, chorando, e considerei de mim para mim que
me julgavam morto. Quis então desenganá-los de tal idéia,
mas não pude articular uma palavra, e daí concluí que sonhava.

O fato de me ver cercado de pessoas caras, de há
muito falecidas, e ainda de outras que à primeira vista não
podia reconhecer, fortalecia em mim essa idéia de um sonho,
em que tais seres por mim velassem.

Esse estado foi alternado de momentos de lucidez e de
sonolência, durante os quais eu recobrava e perdia a consciência
do meu “eu”.

Pouco a pouco as minhas idéias adquiriram mais lucidez,
a luz que entrevia, por denso nevoeiro, fez-se brilhan-
te; e eu comecei a compreender-me, a reconhecer-me, compreendendo e reconhecendo que não mais pertencia a esse
mundo. Certamente, se eu não conhecesse o Espiritismo, a
ilusão perduraria por muito mais tempo. O meu invólucro
material não estava ainda inumado e eu o olhava com piedade,
felicitando-me pela separação, pela liberdade. Pois se
eu era tão feliz por me haver enfim desembaraçado! Respirava
livremente como quem sai de uma atmosfera nauseante;
indizível sensação de bem-estar penetrava todo o
meu ser, a presença dos que amara alegrava-me sem me
surpreender, antes parecendo-me natural, como se os encontrasse depois de longa viagem. Uma coisa me admirou
logo: o compreendermo-nos sem articular uma palavra! Os
nossos pensamentos transmitiam-se pelo olhar somente,
como que por efeito de uma penetração fluídica.

Eu não estava, no entanto, completamente livre das
preocupações terrenas, e, como para realçar mais a nova
situação, a lembrança do que padecera me ocorria de vez
em quando à memória.

Sofrera corporal e moralmente, sobretudo moralmente,
como alvo que fui da maledicência, dessas infinitas
preocupações mais acerbas talvez que as desgraças reais,
quando degeneraram em perpétua ansiedade.

E ainda bem não se desvaneciam tais impressões, já
eu interrogava a mim mesmo se de fato delas me libertara,
parecendo-me ouvir ainda umas tantas vozes desagradáveis.

Reconsiderando as dificuldades que tanto e tantas vezes
me atormentavam, tremia; e procurava, por assim dizer,
reconhecer-me, assegurar-me que tudo aquilo não
passava de fantástico sonho. E quando cheguei à conclu-
são, à realidade dessa nova situação, foi como se me
aliviasse de um peso enorme.

É bem verdade, dizia, que estou isento desses cuidados
que fazem o tormento da vida! Graças a Deus! Também
o pobre, repentinamente enriquecido, duvida da realidade
da sua fortuna e alimenta por algum tempo as apreensões
da pobreza. Assim era eu.

Ah! pudessem os homens compreender a vida futura,
e que força, que coragem esta convicção não lhes daria na
adversidade.

Quem deixaria então, na Terra, de prover e assegurar-
-se da felicidade que Deus reserva aos filhos dóceis e submissos?

Gozos ambicionados, invejados, tornar-se-iam mesquinhos
em relação aos que eles desprezam!”

— P. Esse mundo tão novo e comparado ao qual nada
vale o nosso, bem como os numerosos amigos que nele
reencontrastes, fizeram-vos esquecer a família e amigos
encarnados?

— R. Se os tivesse esquecido seria indigno da felicidade
de que gozo. Deus não recompensa o egoísmo, pune-o.
O mundo em que me vejo pode fazer com que desdenhe
a Terra, mas não os Espíritos nela encarnados. Somente
entre os homens é que a prosperidade faz esquecer
os companheiros de infortúnio. Muitas vezes venho visitar
os que me são caros, exultando com a recordação que de
mim guardaram; assisto às suas diversões, e, atraído por
seus pensamentos, gozo se gozam ou sofro se sofrem.
O meu sofrimento é, porém, relativo e não se pode comparar
ao sofrimento humano, uma vez que compreendo o
alcance, a necessidade e o caráter transitório das provações.

Esse sofrimento é, ao demais, suavizado pela convicção de
que aqueles a quem amo virão também por sua vez a esta
mansão afortunada onde a dor não existe. Para torná-los dignos
dela, dessa mansão, é que me esforço por sugerir-lhes
bons pensamentos e sobretudo a resignação que tive, consoante
a vontade de Deus. A minha desolação avulta quando
os vejo retardar o advento por falta de coragem, murmúrios,
vacilações e sobretudo por qualquer ato reprovável.

Trato então de os desviar do mau caminho, e, se o consigo,
é isso uma felicidade não só para mim, como para outros
Espíritos; quando, ao contrário, a intervenção é improfícua,
exclamo com pesar: Mais um momento de atraso; mas
consola-me a ideia de que nada se perde irremissivelmente.

Espírito Samuel Filipe."

Fonte - Allan Kardec, O Céu e o Inferno, Cap.II Segunda parte "Espíritos felizes"




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ALMA GÊMEA OU ALGEMA? 

As almas que devam unir-se estão, desde suas origens, predestinadas a essa união e cada um de nós tem, nalguma parte do Universo, sua metade, a que fatalmente um dia se reunirá?
Resp.: Não; não há união particular e fatal, de duas almas. A união que há é a de todos os Espíritos, mas em graus diversos, segundo a categoria que ocupam, isto é, segundo a perfeição que tenham adquirido. Quanto mais perfeitos, tanto mais unidos. Da discórdia nascem todos os males dos humanos; da concórdia resulta a completa felicidade. (questão nº 298)
Principalmente os jovens, iniciantes na arte de amar, sonham encontrar essa “metade”, alimentando ternos anseios de uma convivência perfeita, de um afeto sem fim, marcados por imensa ternura e imorredoura ventura.
Quase todos encontram seu par. Raros concretizam seus sonhos, porque a Terra é um planeta de expiação e provas, onde a maioria dos casamentos representa o cumprimento de reajuste assumidos perante a Espiritualidade.
Por isso, passadas as primeiras emoções, quando os cônjuges enfrentam as realidades do dia-a-dia, os problemas relacionados com a educação dos filhos, as dificuldades financeiras e, sobretudo, o confronto de duas personalidades distintas, com suas limitações, ansiedades, viciações, angústias e desajustes, não tardam em desconfiar que a suposta “alma gêmea” é apenas uma “algema”, cerceados que se sentem em sua liberdade, frustrados em suas aspirações.
Muitos casam-se arrebatados de amor, que logo acaba diante dos atritos e dificuldades do matrimônio. Julgando que erraram na escolha, alimentam secreto desejo de um novo encontro, na eterna procura da alma afim.
Muitas vezes, rompem os compromissos conjugais e partem, decididos, reiniciando a procura. E encontram novas algemas, eternizando suas angústias e gerando problemas que se sucedem, a envolver principalmente os filhos, vítimas indefesas dessas uniões passageiras.
O sucesso no casamento implica em compreender que não há metades eternas que se buscam para completar-se, como na alegoria platônica.
Há Espíritos que conseguem uma convivência fraterna, com o empenho por ajustarem-se às Leis Divinas, superando seus desajustes íntimos, suas deficiências e fragilidades.
Um coração amargurado, um caráter agressivo, uma vocação para o ressentimento, um comportamento impertinente – tudo isso azeda o casamento. Então, existe um engano de perspectiva, um equívoco generalizado.
As pessoas estão esperando que o casamento dê certo para que sejam felizes, quando é imperioso serem felizes para que o casamento dê certo.
A felicidade, por sua vez, não repousa em alguém, no que possa nos oferecer ou fazer, mas, essencialmente, nos valores que conseguimos desenvolver em nós mesmos, em nosso universo interior. Somente assim poderemos contribuir de forma decisiva para um casamento bem sucedido.
Fundamental, nesse particular, que nos detenhamos na definição do amor, o principal agente das uniões conjugais. O amor legítimo não é uma flecha de Cupido que nos atinge. Não é uma fonte que brota, borbulhante. Não é mera chama arrebatadora, como destaca a bela mas equivocada imagem poética de Vinícius de Morais: “Que não seja imortal, posto que é chama. Mas que seja infinito enquanto dure.” Muito mais que chama de atração passageira, o amor pede os valores da convivência para que se desenvolva e consolide.
Cônjuges que se querem bem, que se amam de verdade, são aqueles que atravessaram juntos as tempestades da existência, relevando um ao outro as falhas, cultivando compreensão, respeito e boa vontade. Assim, a “algema” de hoje poderá ser a “alma gêmea” de amanhã, mesmo porque o objetivo maior do casamento é a harmonização dos Espíritos que se unem para experiências na Terra. Hoje desencontrados, atritados, talvez até inimigos de outras vidas. Amanhã amigos! Amantes de verdade!
É lamentável quando os casais se separam, adiando a própria edificação.
O mesmo podemos dizer quando alguém proclama que suporta o cônjuge por fidelidade à religião ou aos filhos.
Na avaliação de nossas experiências terrestres, quando regressarmos ao Plano Espiritual, uma das medidas ponderáveis, a ver se aproveitamos a experiência humana, diz respeito à convivência com as pessoas, principalmente no lar.
Voltamos para o Além levando rancores, ódios, mágoas, ressentimentos? Deixamos inimigos e inimizades? Perdemos tempo, complicando o futuro.
Harmonizamo-nos com os familiares? Edificamos a fraternidade legítima? Construímos as bases de um entendimento cristão com o semelhante? Ótimo. Teremos realmente valorizado a jornada terrestre, habilitando-nos a estágios em regiões felizes, habitadas por almas afins, gêmeas na virtude, na sabedoria, no empenho por cumprir as leis de Deus.

RICHARD SIMONETTI



 O VESTIDO AZUL

Num bairro pobre de uma cidade distante, morava uma garotinha muito bonita. Ela freqüentava a escola local. Sua mãe não tinha muito cuidado e a criança quase sempre se apresentava suja. Suas roupas eram muito velhas e maltratadas. 
O professor ficou penalizado com a situação da menina: "como é que uma menina tão bonita, pode vir para a escola tão mal arrumada?"
Separou algum dinheiro do seu salário e, embora com dificuldade, resolveu lhe comprar um vestido novo. Ela ficou linda no vestido azul.
Quando a mãe viu a filha naquele lindo vestido azul, sentiu que era lamentável que sua filha, vestindo aquele traje novo, fosse tão suja para a escola. Por isso, passou a lhe dar banho todos os dias, pentear seus cabelos, cortar suas unhas.
Quando acabou a semana, o pai falou: "mulher, você não acha uma vergonha que nossa filha, sendo tão bonita e bem arrumada, more em um lugar como este, caindo aos pedaços?
Que tal você ajeitar a casa? Nas horas vagas, eu vou dar uma pintura nas paredes, consertar a cerca e plantar um jardim."
Logo mais, a casa se destacava na pequena vila pela beleza das flores que enchiam o jardim, e o cuidado em todos os detalhes.
Os vizinhos ficaram envergonhados por morar em barracos feios e resolveram também arrumar as suas casas, plantar flores, usar pintura e criatividade.
Em pouco tempo, o bairro todo estava transformado. Um religioso, que acompanhava os esforços e as lutas daquela gente, pensou que eles bem mereciam um auxílio das autoridades.
Foi ao prefeito expor suas idéias e saiu de lá com autorização para formar uma comissão para estudar os melhoramentos que seriam necessários ao bairro.
A rua de barro e lama foi substituída por asfalto e calçadas de pedra. Os esgotos a céu aberto foram canalizados e o bairro ganhou ares de cidadania.
E tudo começou com um vestido azul. Não era intenção daquele professor consertar toda a rua, nem criar um organismo que socorresse o bairro.
Ele fez o que podia, deu a sua parte. Fez o primeiro movimento que acabou fazendo que outras pessoas se motivassem a lutar por melhorias.
Será que cada um de nós está fazendo a sua parte no lugar em que vive?
Por acaso somos daqueles que somente apontamos os buracos da rua, as crianças à solta sem escola e a violência do trânsito?
Se somos, sigamos o exemplo do professor e lembremos que é difícil mudar o estado total das coisas. Que é difícil limpar toda a rua, mas é fácil varrer a nossa calçada.
É difícil reconstruir um bairro, mas é possível dar um vestido azul.

Redação Momento Espírita

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